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domingo, 18 de dezembro de 2016

coração negro como meu olhar

Meu pequeno coração negro, hoje você está melhor. 
Seu sangue coagulado e escuro cruza pelo meu corpo da mesma forma fria que me acalenta e me envolve nos momentos de terror.
Mesmo sozinho, não me sinto estranho, pois fui salvo ao viver as aventuras de um homem morto em vida.
E sim, eu vivi todas as aventuras de um homem morto em vida.
Sonhei com a perda de cada molécula do meu ser, até que minha carne putrefata  se perdesse de meus ossos amarelados.
Agora eu sei que precisava partir em novas ondas e viagens celestiais, pois o céu de Manhattan era o paraíso e eu nem sabia o que dizer para te convencer que meu olhar não era de fúria, mas sim de fome animal.
Chuva.
Trovões quebram o silêncio da noite e caminho pela estrada vazia. Minhas mãos apontam para o solo e meus passos são lentos e precisos.
Acredite, eu sou a nova besta.
Continuo o mesmo, apenas o ar gelado é que não cruza mais meus pulmões e nas tardes de abril eu me sento sobre minha lápide e reescrevo meu nome na pedra.
Querida, estou voltando para o nosso lar, para novamente beijar sua boca quente e me alimentar do calor da sua pele.
O tempo não significa mais nada e joguei fora o relógio que você me deu. Não fique brava, mas no vazio da eternidade o tempo não fazia mais sentido para um andarilho da noite como eu.
Eu sei meu amor, você acreditou que tudo terminaria naquele dia, mas sinta o frio que trago comigo e saiba que ao se manter na estrada dos girassóis, você me chamou de volta.
O necromante sabia que esta noite chegaria.
Estou voltando, mas sinto mais fome desta vez, pois os verões de minha alma se foram e agora preciso da sua carne e de seu sangue para saciar meus desejos infernais.
Segure meu corpo e feche seus olhos, me toque e sinta meus dentes entrando em você.
Acredite minha querida, o luar sempre vai brilhar sobre nós dois.