É noite na cidade vazia.
Ele caminha pelas ruas da solidão, onde os bonecos de pano usam as pedras chinesas da alegria.
Um dia ele foi bonito. Sob as manchas de picadas nos braços, pernas e pescoço, se apagarmos os pedaços de carne putrefada e carcomida que ele carrega em seu abdome, ainda podemos ver esta beleza. Podemos ver esta beleza nos olhos que um dia foram brilhantes, em sua boca rosada que ainda leva a cor da vida em toda a sua pele cinza.
Ele amou e entregou seu corpo ao prazer sintético.
Velhos sátiros que vagam na rua possuíram ele de todas as formas e ele não se importou com isto, pois sua mente estava tomada pelo brilho dos cristais, pelo vigor da poeira estrelar que corria em suas veias.
Tubos entupidos pela benção da desomorfina.
O último beijo do metal perfurando a carne. Dilacerando pequenos pedaços de músculo juvenil. Menino do sorriso leve e olhar sem alma.
Morte rápida em uma cama suja de sêmen e sangue.
Vida longa em outro plano astral.
O caminho está livre para as tempestades de verão.