sábado, 6 de setembro de 2014

rock não pode ser bom e velho (quando alguém fala isto, penso que a atitude do Mr. Catra é muito mais rock'n'roll do que muita nadinha de hoje em dia)

A banda Ira! tocou aqui em Santa Maria no dia 04 de setembro agora.

Não fiquei com vontade vê-los e não me senti mal por isto.

Essa vontade, ou falta dela, é um somatório de algumas coisas, como por exemplo eu já me sentir um velho chato e resmungão para ficar de pé vendo um show. E não me digam que eu poderia ver o show sentadinho numa mesa em algum camarote que eu acho isto a pior coisa do mundo, a clara imagem de que isto não é rock é evidente. Pessoal sentado vendo show é para teatro ou para espaços como o Canecão no Rio (que tem uma cara de churrascaria para playboy de mau gosto.

Mas voltando ao show do Ira...

Bem, não tive nenhuma vontade também por estes motivos que enumero agora:

  1. o local - o Avenida Tênis Clube é simplesmente um espaço que não é dos mais agradáveis para um show de rock e sempre que entrei lá para ver algo, fiquei com a impressão que em algum momento entraria uma debutante pelo palco;
  2. a banda - o Ira! que se apresentou não é mais o Ira!, é apenas uma banda cover deles mesmos, fato que critiquei já em reuniões ao estilo "Legião Urbana e Convidados" e afins;
  3. já vi vários shows do Ira! - no final dos anos 80 (turnê do Psicoacústica) e começo dos noventa vi alguns shows do Ira!, tanto em Santa Maria quanto fora daqui (até em Guaratuba - praia do litoral paranaense), e prefiro ficar com a imagem que tenho deles daquele período,
  4. o repertório - sempre achei de péssima qualidade as versões que o Ira! fez para alguns clássicos, mas quando eles fizeram uma versão, PODRE, de "Train in Vain" do The Clash, eu simplesmente abandonei a banda;
  5. a discografia - o Ira! tem três álbuns perfeitos, que são os três primeiros da carreira (Mudança de Comportamento, Vivendo e Não Aprendendo e Psicoacústica), um álbum médio (o quarto álbum - Clandestino) e nada mais. Vez por outra aparecia alguma música interessante, mas nada mais do que um lampejo de criatividade num mar de lixo;
  6. a reabilitação - nada pior para uma banda de rock do que um integrante que se desintoxicou das drogas (e não faço nenhuma apologia ao uso das mesmas com isto, até acredito que o cara pode ser a pessoa mais limpa do mundo e mesmo assim ser um pusta rockeiro quebrador de hotel e fazedor de treta), o cara volta um pé no saco;
  7. a pá de cal - como disse antes, já achava a discografia do Ira! uma vergonha por si só a partir de 1991, mas quando eles fizeram a música "O Bom e Velho Rock'N'Roll", eu decide que eles não eram mais uma banda de rock, mas sim uma banda de festa pra tiozinho aposentado.
Resumindo, respeito quem goste, mas pra mim, só o fato de alguém usar a frase "bom e velho rock'n'roll já demonstra que esta pessoa parou no tempo e sua criatividade acabou em algum lugar entre os anos 70 e 80.

Como gosto de dizer: bom e velho é o Papai Noel, rock tem que incomodar, ser mais barulhento, irritante e não pode ser bom.