uma noite e nada mais
foto de Claudio Machado
A pele de veludo que um dia caminhou na rua, hoje não significa nada, é apenas mais um corpo mundano andando sem rumo.
A escuridão chega mais cedo pra você.
E abril será sempre o melhor dos meses... e será o pior dos meses.
A primeira coisa que penso é que o tempo está passando, talvez acabando, mas mesmo assim tenho que continuar, da mesma maneira que tenho feito, não só por mim, mas por quem está comigo.
Nada pode ser tão ruim que não possa piorar, e mesmo assim, na pior das situações, eu tenho meu bom humor, minha ironia, para tocar a vida para frente e continuar o meu trabalho, por mais monótono que seja, por mais cansativo que seja criar ideias para outros ganharem dinheiro, eu continuo, e continuo... continuo.
E em um domingo como este, quando chove sem parar na janela do meu apartamento, sento e vejo guardas-chuvas voarem sem rumo e lembro que um dia eles foram coloridos, mas hoje são apenas pretos.
Todos os guardas-chuvas são pretos.
E as minhas palavras são confusas, vagas, displicentes, assim como verão que se foi.
Já é outono e eu espero que o calor não retorne.
Tomo meu último gole de vinho, olho para o fundo da taça e vejo que em um dia como hoje, sem ninguém por perto, as amizades parecem muito distantes e as memórias mais profundas apenas machucam.
Tenho fome e só penso em um sanduíche de queijo brie com maionese, limão e atum.
Assim é a vida