Ando meio cansado dos comentários das pessoas que ficam defendendo este ou aquele lado, direita ou esquerda, civis ou militares, e que acreditam que apenas seu "adversário" é um corrupto.
E ando cansado por saber, e acreditar, que o roubo e a corrupção andam de mãos dadas com os governos brasileiros não importam quais eles sejam.
Vejamos o governo do Getúlio Vargas.
Apesar de seu cunho nacionalista e preocupação trabalhista, Vargas, para se manter no poder, comprava jornalistas para falarem bem do seu governo, o que acabou culminando no caso do jornal Última Hora.
Em seus quinze anos no poder, Getúlio Vargas manteve um governo marcado pelo terrorismo de estado, pela impunidade e pela corrupção.
E claro, temos que destacar o traço anti-semita e sua ligação com o nazismo (que mudou apenas por pressão econômica dos EUA) do governo Vargas. Oswaldo Aranha, que depois defenderia a criação de um Estado Judeu, antes, em 1937, mandou ofício para as embaixadas brasileiras detalhando como reconhecer um judeu pelas suas características físicas.
Mas passemos para um período mais próximo. Por exemplo: entre 1968 e 1973 o CGI - Comissão Geral de Investigações - apropriou-se de forma indevida dos bens de várias pessoas públicas. Sendo que em 1973 mais de 400 casos deste tipo foram relatados.
Pra você ter uma ideia, é como se o Collor, que tu xinga tanto pelo que ele fez no começo do governo dele, quando confiscou a caderneta de poupança de todo mundo, fizesse isto todo ano, mais de uma vez.
E por que os militares aceitaram a corrupção?
Simples, porque não é culpa do órgão militar!
No momento que o Exército tomou posse, mesmo que de forma forçada, a engrenagem pública não é simplesmente formada pela burocracia militar, existem meandros e meios difusos, e com isto, não tem como deixar numa caixa separada do mundo o militar que assume um cargo público.
Sendo assim, ele também é alvo da propina, do "me ajuda a te ajudar", do "jeitinho brasileiro". Não importa se o indivíduo é civil ou militar, a corrupção é feita e tratada da mesma forma.
Se você acredita o contrário, é bom ler um pouco mais e entender os seguintes casos:
- durante a década de 70 a 1ª Companhia do 2º Batalhão da Polícia do Exército no Rio de Janeiro, contrabandeou - junto com traficantes cariocas - perfumes, caixas de uísque e roupas de grife;
- vários militares se uniram ao chefes do jogo do bicho, um deles, Capitão Aílton Guimarães Jorge, virou um dos mais poderosos bicheiros do Rio de Janeiro;
- os governadores indicados pelo presidente Médici, como Haroldo Leon Peres no Paraná e Antônio Carlos Magalhães na Bahia, estavam envolvidos em vários casos de corrupção e favorecimento de empresas - próprias ou de amigos.
- o envolvimento do General Newton Cruz na Capemi - uma empresa estatal dirigida apenas por militares - e que teria desviado dez milhões de dólares para divisão dos agentes militares envolvidos.
E ainda podemos citar também todas as mordomias legalizadas:
- todos os ministros viajavam em jatos da Força Aérea;
- generais de exército possuíam dois carros, três empregados e casa decorada;
- generais de brigada contavam com vinte e sete mil dólares para comprar mobília;
- Filmes proibidos pela censura, eróticos e pornográficos, eram permitidos na casa dos servidores.
Ou seja, a mordomia corria solta e a corrupção também, a diferença é que você era proibido de saber, pois qualquer meio de comunicação era censurado.
Sendo assim, antes de defender alguém, veja se não é melhor ficar de boa na sua e desconfiar de qualquer individuo que assuma um cargo no governo.
Sabe como é... o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente.
Então, não confie em bandeiras.