segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

sangue, dor e solidão

Ela sonhava em ter um filho, mas não imaginava que seria daquela maneira... em uma sala escura em um velho prédio na parte antiga da cidade.

Tinha apenas 17 anos e sabia que não poderia cuidar daquela criança que vinha tão cedo em sua vida. Ela se sentia uma menina ainda, o que fazer então se não tinha maturidade pra encarar a maternidade.

Estava sozinha, deitada naquela cama coberta com um lençol manchado pelo sangue de outras mulheres que já teriam passado pelo mesmo momento que ela.

Sua mente dizia que nada era certo ali, mas o medo de sua família soava como um trovão silencioso que a oprimia e tirava todo sentimento.

Um relâmpago iluminou a sala no momento que a médica entro e falou que tudo ficaria bem.

"Não se preocupe minha criança." - disse a médica - " Nestas horas, todos os anjos fecham os olhos."

A hora chegara e o metal frio tocou sua carne, invadindo seu corpo e interrompendo o tempo.

O vermelho pintou o chão, a cama e suas pernas delicadas de adolescente.

Nada mais era vida e o cheiro que ela sentia vinha do subterrâneo.

E assim ela ficou... sozinha.