quinta-feira, 7 de junho de 2012

amor zumbi II

Então é isso... acordo pela manhã e vejo que o sol não existe mais, que eu usei minha vida e fui cruel com a minha mente. Meu corpo se deteriora e as escolhas não são as melhores. Eu errei ao ir, eu errei ao ficar, e acabei fechando a porta muito cedo.

Todos foram embora durante o calor da primeira explosão, em uma terça-feira de outono, quando os lábios vermelhos pela dor do último beijo se calaram em um sorriso enigmático.
Nada foi acidental e as sombras no chão do açougue me mostram que os corpos pendurados são conhecidos, são meus amigos e amigas do passado. Se isto é a verdade, o que eu vou fazer agora? O que posso tentar fazer em um mundo que me convida ao canibalismo social. Será que posso sentar ao seu lado e morder seu pescoço, tirar um pedaço da sua carne macia e me alimentar com suas memórias?

São muitas perguntas sem resposta. Vou continuar escrevendo minhas frases curtas, colocar seu corpo no chão de mármore e me alimentar de sua felicidade.
 
A última folha de plátano caiu, o som das bombas faz seu corpo tremer, o vermelho quente e o branco da sua pele se fundem em um amálgama de sentidos e a minha fome ainda está longe de acabar.