Uma vez, em Balneário Camboriú, eu tava parando em um albergue (tinha meus 21, 22 anos... ou seja, é o período pra fazer isto) enquanto viajava sozinho.
Em uma tarde, depois de pegar praia e combinar o programa da noite com o pessoal que conheci, tava deitado de boa lendo uma revista e comendo biscoito recheado de morango, quando um cara para na janela do lado da minha cama.
Simpático como sempre (nã... nem sou simpático sempre nada...) me levanto, cumprimento o cara e fico na janela também. Sabe como é... social de quem viaja sozinho e sai conhecendo estranhos pelo mundo.
Pois bem, ficamos lá de conversa fora... "de onde é, pra onde vai, quanto tempo fica"... até que a conversa toma um rumo diferente quando ele me pergunta se eu já tinha ido na praia do Pinho (naturista).
Tá... tu tá achando que estou exagerando... afinal ele só perguntou se eu ia em praia naturista, o que é algo bem comum e não tem nada de diferente (tiranto o fato de ver clitóris ao vento).
Só que não parou por aí.
Depois dele perguntar sobre a praia e eu responder que não tinha ido, veio o comentário mortal:
"Com este corpo você devia ir".
Fico em silêncio olhando a rua.
Ele fala novamente...
"Tu não acha legal"?
Me mantenho em silêncio pensando "não podia ser uma mulher né... tinha ser um gay com cara de quem planta batata em Chapecó.
(foi mal aí pessoal de Chapecó... foi só uma representação. Nada contra os plantadores de batata de tão grandioso município. Obs: nem sei se plantam batatas aí por sinal)
Depois de um tempo naquele silêncio constrangedor, me viro para o rapaz loiro, agradeço o comentário (sou muito polído em situações adversas) e digo que não tem a ver comigo aquele papo.
O loiro entende o recado, fala alguma coisa sobre o tempo bom, sol, etc, e se despede.
Fico parado ainda na janela olhando as meninas de micro biquinis passando pela rua em direção ao mar... "tanta mulher ali e me acontece isto".
De noite dormi abraçado na mochila.