terça-feira, 18 de outubro de 2016

the hungry... depois de comer carne humana, o animal nunca mais come outro tipo de alimento.

Em alguns dias, algumas noites, sinto uma energia diferente em meu ser. Meu corpo muda, de forma imperceptível pra quem me olha, mas intensidade incrível por baixo da minha carne.

É como se minha pele fosse tomada por uma eletricidade que irradia cada molécula, cada pelo, cada centímetro em mim.

Meus músculos ficam mais preparados, rijos como se em espera de um conflito, de um embate de forças similares.

Minhas narinas se dilatam para eu respirar melhor, minha pupilas cobrem meu olho inteiro, tornando meu globo ocular em uma imensa bola negra.

Movimento meus braços, minhas mãos se espalmam e meus dedos se movem como que tentando tocar a energia etérea que flui no ar da noite.

Sinto a intensidade do momento da caçada.

O prazer de abater a presa me excita.

Meu pescoço estala quando movimento minha cabeça de uma lado para o outro, lentamente, sem tirar meus olhos do foco, da mira, do prêmio maior.

Não penso mais em mim como homem... sou um animal que quer sentir o gosto da carne mais uma vez.

Sorrio... os olhos se fixam... meus dentes crescem e com a língua faço o contorno da arcada, salivando de fome.

Puxo o ar e completo os pulmões.

Coração bate em um ritmo lento... câmera lenta da preparação.

Tranco a respiração.

Me abaixo até o chão.

Minhas pernas tensionam.

Sangue bombeia os músculos.

A presa está se aproximando...

Fecho meus punhos.

Rosno.

E dou o impulso certeiro.

Ataco o pescoço.

A primeira mordida faz tudo.

Sangue.

Calor.

Sabor.

Agora me alimento.